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DEPRESSÃO
por Sávia Guerra

“Ultimamente (mas os motivos me escapam) perdi toda a alegria, descuidei-me dos exercícios habituais. E, aliás, sinto-me tão abatido que essa vistosa moldura, a terra, parece-me um promontório estéril; esse dossel estupendo, o ar, vê – esse magnífico firmamento suspenso, esse teto majestoso ornado de fogo dourado -, tudo isso para mim não é mais que um amontoado de vapores pútridos e pestilentos.” (SHAKESPEARE, William)

“Como me parecem enfadonhas, sem graça, maçantes e inúteis as coisas deste mundo! Fora com isso! Oh, fora! É um jardim inculto que se deteriora, de que se apossam coisas ordinárias e grosseiras.” (SHAKESPEARE, William)

Apesar da maioria das pessoas se sentir bem na maior parte do tempo, pesquisas apontam que a depressão representa a causa mais comum de incapacidade e morte entre todas as doenças. Como entender essa doença da infelicidade que ataca inúmeras pessoas simultaneamente em diversas regiões, independente de credo, raça, condição social.

Geralmente, a depressão tem como ponto de origem uma perda, como, por exemplo, a de alguém próximo, de relacionamento, de posição social.


1.O que é a depressão

A depressão pode afetar o corpo como um todo, manifestando-se no biológico do sujeito, como, por exemplo, interferindo no sono, na disposição física e no apetite, e também no psicológico, como a auto-estima e a autoconfiança, além de fazer com que a pessoa se sinta e reaja de forma pessimista em suas atividades, sentimentos e maneira como percebe o mundo.

A maioria das pessoas deprimidas não consegue reagir e muito menos conseguir uma melhora sozinhos, ainda que desejem e tentem.
Devido os sintomas apresentados pela doença diferirem de uma doença “comum” como dores, tonteiras, etc, as pessoas do convívio do deprimido tentam reanimá-lo por meio de cobranças e, como não obtém sucesso em seus esforços, passam a caracterizá-lo como preguiçoso ou até mesmo incapaz. Às vezes impõem-lhe “diversões”. Podendo essas levarem o sujeito a aumentarem ainda mais o sentimento de incapacidade que os domina.

O período de duração dessa doença não pode ser precisado, mas, geralmente dura muito tempo, que pode ser de semanas a anos. Pode surgir associada a outras doenças do corpo, originada por situações de stress, ou até mesmo surgir sem explicações aparentes, ou seja, “vir do nada”.

É também conhecida como doença afetiva, por alterar o estado de humor ou os afetos.

Geralmente, a depressão é confundida com tristeza, que, muitas vezes é atribuída a um luto, a uma situação estressante vivida. Os sentimentos de tristeza são normais de acontecer com qualquer pessoa, contudo, são passageiros e não comprometendo o funcionamento biológico e, por conseguinte, suas atuações rotineiras. Quando o estado de tristeza estagia no sujeito por um período que ultrapassa o limite da “normalidade”, o corpo sofre com essa permanência e reage deixando sinais que evidenciam uma incapacidade de suportar uma dor, ou seja, ela se encontra em depressão.

A depressão é uma doença que acomete grande número de pessoas – uma em quatro pessoas vai precisar se tratar dessa doença alguma vez na vida. Porém, devido à falta de informações, são poucos os que procuram por tratamento.

2 Formas de apresentação da depressão

Os sintomas variam de pessoa para pessoa, entretanto, algumas características podem ser observadas com mais constância.

2.1. A depressão como sintoma afetivo:

- tristeza e/ou irritabilidade constante, na maior parte do dia, bem como na maioria dos dias;
- indisposição, cansaço, desânimo;
diminuição na capacidade de sentir prazer em atividades rotineiras no trabalho, no lazer, bem como no desejo e prazer sexual;
- preocupação, ansiedade, indecisão, insegurança;
- pessimismo, desesperança;
- sentimentos de culpa, inutilidade, solidão, incapacidade;
- insônia ou sono em demasia, ou acordar sentindo-se cansado;
- falta ou excesso de apetite;
- idéias de morte, suicídio, ou tentativas de suicídio;
- inquietação, irritabilidade;
- dificuldade em manter a atenção, em concentrar-se, de lembrar o que ia fazer ou falar, esquecimento do lugar onde deixou os objetos- sintomas físicos preexistentes, que apresentam melhora insignificante com os medicamentos utilizados como, por exemplo, dores de cabeça, das costas, articulações, alterações intestinais sem uma causa orgânica definida.
- sinais como choro, insatisfação, afastamento das atividades sociais, diminuição de peso.

2.2 A depressão como mania

Na euforia o sujeito apresenta o oposto dos sintomas apresentados na depressão, porém, como na depressão, a intensidade e gravidade são variáveis de sujeito para sujeito e de acordo com o estágio da crise.
- euforia, alegria em demasia ou inadequada, diferente do habitual;
- irritabilidade inadequada e exagerada, como se a verdade apenas a ele pertencesse;
- falar em demasia;
- aumento exagerado da disposição, da energia e do interesse sexual, podendo cometer indiscrições sexuais;
- diminuição na necessidade de sono sem sentir falta desse;
- idéias de grandeza;
- pensamentos muito rápidos, podendo tornar-se incompreensíveis;
- inadequação nos comportamentos sociais como, envolver-se em situações de risco como acidentes de trânsito, brigas desnecessárias, compras excessivas,uso excessivo de drogas e álcool.

3.Quem é afetado

Pessoas de todas as raças, ambos os sexos, todas as idades e condições sociais. As mulheres são mais vulneráveis, podendo apresentar a proporção de duas a três para cada homem. No adolescente os sintomas podem se apresentar grande semelhança com os dos adultos, porém, sintomas como apatia, raiva, queda no rendimento escolar também podem acontecer.


BIBLIOGRAFIA

HOLMES, Jeremy. Depressão. In: Conceitos da Psicanálise. Trad. Carlos Mendes Rosa. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Ediouro; São Paulo: Segmento-Duetto, 2005. v. 14.

SHAKESPEARE, William. Hamlet, Act II, Scene II, Arden Edition. Londres: Methuen, 1981, p. 253. In. Edições Brsileiras: Hamlet, trad. Millôr Fernandes, porto Alegre: L&PM, 2002; Hamlet, trad. E adapt. Fernando Nuno, Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.

SHAKESPEARE, William. Hamlet, Act I, Scene II, Arden Edition. Londres: Methuen, 1981, p. 188.

TUNG, Teng Chei; DEMÉTRIO, Frederico Navas. Manual Informativo sobre Transtorno Depressivo.


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